Hoje eu gostaria de compartilhar com você a diferença entre congregar e segregar, e alguns perigos que, geralmente a igreja tem cometido hoje em dia. A palavra CONGREGAR significa: convocar, reunir, agregar, juntar, e ainda, existir simultaneamente. Já a palavra SEGREGAR significa: Separar nitidamente com o fim de isolar e evitar contato, afastar-se, pôr-se à margem de; isolar-se. Essas são algumas definições que o dicionário traz para essas duas palavrinhas. Mas porque estou dizendo isso?
O
propósito da Igreja é glorificar a Deus através da vida de cada
cristão, e cada pessoa que é chamada por Deus, passa fazer parte da
Igreja, do Corpo de Cristo. Essa ideia de Corpo é muito presente na
Bíblia, pois o corpo só tem sentido e só funciona, quando todas as
partes estão trabalhando em harmonia. Por isso, um dos nomes pelo qual a
igreja é também chamada é CONGREGAÇÃO. O culto só tem sentido quando o
povo congrega, ou seja, se reúne com o único propósito de adorar e
glorificar a Deus.
Embora
nosso relacionamento com Deus seja pessoal, a vontade de Deus para nós é
que vivamos como Corpo, como Congregação. Não existe cristão
“autônomo”, e é por isso que, como cristão, eu preciso me esforçar para
integrar as outras pessoas dentro do Corpo de Cristo. Por isso é muito
importante a tarefa missionária de integrar as pessoas com Deus e com a
igreja. É nesse sentido que em Deuteronômio está escrito:
Reunam o povo, homens, mulheres e crianças, e os estrangeiros que morarem nas suas cidades, para que ouçam e aprendam a temer o Senhor, o seu Deus, e sigam fielmente todas as palavras desta lei. (Deuteronômio 31.12)
Portanto,
eu entendo que umas das principais tarefas da igreja é CONGREGAR,
reunir as pessoas com o único propósito de glorificar a Deus. O
salmista entendeu a importância disso quando ele escreve: Como é bom e agradável quando os irmãos convivem em união! (Salmo 133.1). O autor de Hebreus também escreve: Não deixemos de congregar-nos, como é costume de alguns (Hb. 10.25). Uma outra versão traz: Não deixemos de reunir-mos com igreja.
Mas
a Igreja não é formada de pessoas perfeitas e certinhas, politicamente
corretas e sem defeitos. A Igreja é formada por pessoas diferentes,
que pensam de maneiras diferentes, falam de maneiras diferentes, se
vestem de maneiras diferentes, e isto é assim, porque não somos nós que
escolhemos os nossos irmãos na fé, mas é Deus quem escolhe os seus
filhos. É aqui que surge um grande problema. Quando as pessoas são
diferentes da maioria, ao invés de congregar, a igreja então passa a
segregar, a isolar e evitar contato com aquele que é diferente. E
quando isso acontece, a igreja perde o sentido!
O
maior mandamento que Deus nos deixou é: Amar a Deus sobre todas as
coisas e amar o próximo. Mas como é fácil amar o próximo que se parece
comigo, que pensa, fala, age e se veste como eu. O problema é que o
próximo que Jesus nos ensinou a amar nem sempre se parece comigo. As
vezes, o próximo que Jesus pede para eu amar e congregar com ele é
alguém que eu jamais chegaria perto ou trocaria algumas palavras.
Já
ouvi muitos cristãos falando mal de algumas pessoas por serem
diferentes ou por não se adequarem ao comportamento legalista de alguns
outros poucos. Já vi gente segregando adolescentes e jovens por causa
do estilo de roupa ou algum comportamento que foge da “regra” legalista
de alguns. Quando isso acontece, a segregação toma o lugar da
congregação. E essas pessoas que falam mal, dificilmente sentam para
conversar com aqueles que são diferentes ou sequer oram por eles. Falar
mal é muito fácil. Segregar determinado tipo de pessoa é muito fácil.
Mas foge totalmente daquilo que Cristo ensinou.
Adolescentes
que são comumente criticados pela maioria, a partir do momento que se
batizaram e fizeram sua pública profissão de fé, são de
responsabilidade da Igreja e nós precisamos aprender a congregar
juntamente com eles. Ao invés de falar mal, sentar e conversar, orar,
ao invés de segregar, congregar, ao invés de afastar, aproximar.
Precisamos aprender a lidar com o diferente, porque a Igreja é formada
por pessoas diferentes. Precisamos aprender a agir como Cristo agia,
trazendo as pessoas para perto.
A
realidade é que segregar o diferente é muito mais fácil do que
congregar com ele. E se entrar alguém cheio de tatuagens e piercings na
minha igreja? E se uma prostituta resolver participar das reuniões de
oração? E se um homossexual decidir frequentar os cultos? Qual será
minha reação? Qual será a reação da maioria? Eles não se vestem como
eu, eles não se comportam como eu e muito menos pensam como eu. Será
que eu consigo ama-lo sem olhar a aparência? Será que eu consigo
congregar com ele sem preconceito? Acho bem mais fácil segregar, evitar
contato, e depois falar mal deles para os irmãos mais “santos”,
“certinhos”, que pensam como eu penso!
Assim
nós criamos uma igreja “perfeita” onde todo mundo pensa igual, fala
igual, se veste igual, mas que perdeu a essência, perdeu o foco da
missão. Começamos a selecionar os crentes que farão parte de tal
igreja, montamos uma seleção apenas com os “melhores crentes”, e então
está tudo bem! Somos felizes no nosso pequeno mundinho perfeito,
enquanto Cristo está lá do lado de fora, se encontrando com os
marginalizados, com aqueles que são diferentes, sentando à mesa com os
que ninguém quer sentar, congregando com aqueles que a igreja tem
segregado! Deus continua em missão no mundo, salvando o perdido,
curando o enfermo e se relacionando com o diferente. E Ele quer fazer
isso através da Igreja, mas nós só vamos conseguir agir como Cristo, se
aprendermos a amar.
Thiago Machado Silva
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